Noites começavam e terminaram, só não era possível dizer quantos dias ou semanas haviam se passado. O tempo agora já não era mais importante.
Ja tinha perdido as contas de quantos dias havia caminhado, seu único cronômetro era seu corpo e agora marcava cansaço. Tudo era sempre sem luz, apagado e ligeiramente cinza.Era como se andasse por todo o mundo em uma linha curva e as coisas eram realmente diferente de tudo que acreditava.
Cidades, carros, casas, vales, montanhas, tudo que o mundo podia oferecer começaram a perder a graça.
Tudo já tinha sido visto. Do topo da bondade até o fundo das coisas mais insanas. E assim seu corpo já não conseguia julgar o que era certo ou errado, estava perdendo o poder de discernimento. Não conseguia mais se importar nem avaliar.
Seu corpo após muito tempo se esgotava de cansaço e dormir já não funcionava.
Estava agora no fim do mundo, bem no finalzinho, era uma praia vasta e infinita. Havia alguns coqueiros ao longe mas era impossível tocar alguma coisa. A areia era lisa e plana e não existia marcas de passos de nenhuma outra pessoa.
A falta de luz do dia tornava o horizonte um ambiente realmente nunca imaginado por alguém. Seus pés formigavam, seus olhos não ficavam mais abertos e era difícil ficar em pé. Ao final do cinza da praia, gastou a última de suas forças para puxar ar para os pulmões.
Não existia mundo além da praia, era uma cena impossível. Era o fim. Meio ao tom opaco e o som baixo das ondas avistou um objeto a poucos metros.
Franziu os olhos para tentar ver melhor, não havia ninguém por perto. A morte e a dor ja não eram assustadoras agora. Sentiu um calafrio ao pensar que realmente teria de se aproximar e descobrir o que era. Com o pouco de luz disponível viu a frente um trono de médio porte, com as duas pernas traseiras enterradas na areia. Sobre o trono havia dois bebês, um menino e uma menina que sorriam felizes brincando um com o outro.
Com um passo à frente, sentiu seu corpo falhar e caiu com toda força na areia dura da praia.